Estudo do meio estimula a concentração, respeito às diferenças, motivação e até mesmo a saúde mental
Os efeitos vantajosos de levar o aprendizado para lugares além da sala de aula, como museus, parques, centros históricos, teatros, zoológicos, entre outros espaços, são atestados por profissionais da educação.
Embora as técnicas convencionais de ensino sejam indispensáveis, aplicar as metodologias do estudo do meio complementam e expandem a experiência de aprendizagem, tocando diretamente na construção acadêmica e pessoal dos alunos.
Saúde mental (locais ao ar livre)
O estudo do meio requer que alunos e professores explorem diferentes espaços geográficos que conversem com o que é aprendido dentro da escola. Dependendo da disciplina e do tema, é normal que a aula aconteça em lugares ao ar livre.
Pesquisas mostram que passar um tempo fora de casa, do colégio ou da empresa é algo muito positivo para a saúde mental. De acordo com a Associação Americana de Psicologia, frequentar espaços ao ar livre regularmente melhora o humor, reduz o estresse, aumenta o foco, aprimora os sentidos de empatia e cooperação e reduz os riscos de desenvolver algum tipo de distúrbio mental.
Todos esses benefícios são refletidos na aprendizagem. Estudantes relaxados e focados tendem não apenas a ter mais facilidade nos estudos, mas também são mais suscetíveis a enfrentar obstáculos com calma, eficiência e rapidez.
Concentração e retenção de informações a partir do estudo do meio
Estudar no mesmo lugar – com os mesmos arredores, a mesma rotina, os mesmos rostos – pode se tornar maçante com o passar do tempo.
Com as saídas educacionais, os professores são capazes de criar modelos alternativos para suas aulas com elementos que geram mais estímulos aos alunos.
Em um roteiro pedagógico de ciências que estuda os répteis, por exemplo, é muito provável que o estudante sinta-se mais concentrado e entretido ao observar os animais com os próprios olhos em um zoológico do que olhando para imagens e textos em livros didáticos.
Os elementos diferentes, as surpresas, as pessoas novas, as curiosidades e o simples fato de sair da mesmice acabam fazendo com que os alunos enxerguem mais relevância no que está sendo trabalhado.
É justamente isso que faz com que a retenção de informações seja maior. A consequência do interesse é a lembrança e, acima de tudo, a real compreensão do assunto estudado.
Expansão de horizontes
Por mais que possa parecer apenas um caminho alternativo e temporário do calendário escolar tradicional, o estudo do meio mostra aos jovens como o mundo é grande.
Essa grandeza é dona de uma enorme diversidade de culturas, costumes, idiomas e políticas que podem ser totalmente desconhecidas aos alunos. O contato com esses elementos – mesmo que por alguns instantes – é importante para o conhecimento, mas também para o desenvolvimento da tolerância, flexibilidade e identificação.
Ao expandir seus horizontes, os estudantes entendem melhor as diferenças e como devem respeitá-las. A descoberta do desconhecido e o amadurecimento das habilidades interpessoais contribuem para a criação de cidadãos funcionais e que participam de maneira efetiva nas configurações da sociedade.
Resgate de motivação e auxílio a alunos com dificuldade de aprendizagem
Como dito anteriormente, a rotina da sala de aula consegue ser bastante cansativa. No entanto, pode ser mais dura com alguns alunos do que com outros.
As pessoas funcionam de maneiras distintas, o que significa que a forma que o estudante X aprende não é, necessariamente, o melhor método para o estudante Y.
Isso tem o potencial para minar a motivação do aluno. Consequentemente, o desempenho na escola torna-se abaixo do esperado e seu desenvolvimento pessoal corre riscos.
O relatório “Learning outside the classroom: How far should you go?”, do Office for Standards in Education – departamento não ministerial do governo inglês que define padrões de qualidade no ensino do Reino Unido –, afirma que viagens e passeios educacionais apresentam bons resultados sobre os alunos, incluindo suas conquistas, objetivos, comportamento e progresso pessoal.
Os professores que aplicaram o estudo do meio em suas classes declararam que até mesmo os estudantes com maiores problemas de aprendizagem e motivação aproveitaram os benefícios do aprendizado fora da sala de aula.
Como resultado dos esforços do governo britânico em promover o ensino para além da sala de aula em 2008, 77% dos professores que responderam formulários do Council for Learning Outside the Classroom (LOtC) – organização que incentiva e apoia colégios a ensinar seus alunos fora das dependências escolares – disseram que a metodologia alternativa afetou os alunos (8 a 19 anos) de maneira positiva.
No Brasil, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) ressaltam as vantagens do ensino do meio em um artigo publicado em 2012, destacando os processos de aprendizagem ao ar livre.
“A educação ao ar livre provê múltiplas oportunidades de tarefas cooperativas entre seus alunos […] Proporciona experiências significativas, pois a dinâmica de seus cursos demanda não apenas o julgamento moral dos dilemas que ocorrem, mas também as ações decorrentes da necessidade de resolução de problemas”, conclui o estudo.
Comportamento
O comportamento desafiador de alguns estudantes pode ser motivado por diversas razões, mas abordando especificamente o ambiente da sala de aula, a proximidade com os colegas, a falta de interesse nas disciplinas ou métodos de ensino pouco eficazes podem encorajar o desvio de conduta.
De acordo com uma pesquisa divulgada em 2008 pela LOtC, 30% dos professores de 23 colégios de ensino básico e três faculdades da Inglaterra concordaram que o comportamento dos alunos melhorou depois de terem participado de saídas pedagógicas.
A conclusão foi que, quando os jovens não percebem que estão aprendendo, ficam menos sujeitos a se rebelarem contra terceiros – principalmente professores e outros profissionais da educação.
